terça-feira, 13 de julho de 2010
Como era verde o meu vale (1941) - e era mesmo
John Ford é normalmente conhecido como um grande diretor de faroestes. Apesar disso, receu 4 Oscars de Melhor Direção durante a carreira, nenhum deles para um western. Isso mostra como o gênero era mal visto pelos críticos e jurados da Academia, apesar de possuir um grande apelo popular. Este é um dos filmes pelos quais Ford recebeu um Oscar e, apesar de não ser um de meus preferidos, mostra o talento que o diretor tinha para reconhecer as dificuldades e se identificar com a população menos favorecida. Esse talento foi melhor desenvolvido em As Vinhas da Ira, provavelmente a melhor produção do cineasta.
O filme mostra a infância de Huw Morgan, vista de quando ele tem 60 anos. A vida dele quando jovem parece um pouco feliz demais para nós, mas não achamos tudo perfeito quando lembramos da juventude? As pessoas eram boas, a natureza linda, e até mesmo o trabalho da família em uma mina de carvão lhes rendia um bom dinheiro e uma aconchegante casa para morar. O cenário é claramente montado e se parece mais com um sonho do que com algo real, embora isso se encaixe muito bem nas lembranças de Huw. E é aí que os elementos externos entram, para acabar com a paz e a felicidade de sua família. A diminuição do salário dos trabalhadores da mina acaba causando uma greve e também uma cisão entre o pai de Huw e seus irmãos. Huw e a mãe caem em um lago congelado e o garoto passa um ano na cama, sem poder andar. Sua irmã, Angharad, acaba se casando com o filho do dono da mina, apesar de amar claramente o senhor Gruffyd, o pastor e benfeitor local. Ao final, mortes, intrigas e a divisão familiar acabam tornando o gracioso vale de Huw apenas uma mera lembrança de algo que, segundo ele, viverá para sempre dentro de seu coração.
O filme é um drama no melhor estilo hollywoodiano. É feito para fazer chorar e, no final, consegue atingir seu objetivo. Ele traz uma magia que somente os filmes antigos possuíam: de contar uma bela história, sem medo de parecer piegas ou meloso demais. Tem aquela sensação que só as nossas lembranças da infância nos trazem, de que tudo era belo e maravilhoso, apesar de sermos apenas jovens. A bela produção merecia um Oscar da Academia, embora eu tenha minhas dúvidas de que merecesse desbancar o excepcional Cidadão Kane na competição, a obra-prima de Orson Welles. Enfim, é um belo drama, às vezes sentimental e certinho demais, mas vale a pena ser visto.
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