segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Jejum de Amor (1940)

Jejum de amor é uma comédia cínica, maldosa e ultrajante, mas nem por isso menos hilária.Walter (Cary Grant) é o sarcástico e charmoso editor do jornal Morning Post, que, ao saber que sua ex-esposa Hildy Johnson (Rosalind Rusell) vai se casar novamente, arma diversas armadilhas para que o casamento com seu inexpressivo pretendente (Ralph Bellamy) não aconteça. Acontece que Hildy também é a melhor jornalista do Post e Walter tem certeza que ela não resistirá há um último grande furo de reportagem.
Repleto de clichês jornalísticos e humor negro em alguns momentos, o filme chega até a fazer piada de si mesmo, quando Walter descreve o noivo de Hildy como "um homem parecido com o Bellamy", que é na realidade o próprio ator que o interpreta. Além de uma comédia romântica, o filme tece uma inteligente crítica à corrida desenfreada pelo furo jornalístico, sendo que muitas das notícias dadas chegam a ser inventadas. Além disso, mostra como o jornalista, apesar das más condições de trabalho e baixo salário, não consegue facilmente largar a tensão e emoção da profissão.
Baseado em uma peça de Ben Hecht e Charles MacArthur, o filme ultrapassa a história original, com uma mudança simples porém expressiva no roteiro: transformar o antes jornalista homem Hildy Johnson em uma mulher. Essa simples diferença dá início a uma das melhores comédias românticas existentes.

Educação (2009)


Esse é, talvez, um dos indicados mais inesperados ao Oscar. O filme conta a história de Jenny (Carey Mulligan), uma menina que está entediada com a alta quantidade de estudos de que tem que dar conta para entrar em Oxford e satisfazer seu pai (Alfred Molina). E é aí que entra David (Peter Saarsgard), um polido e charmoso vigarista de 35 anos, que não deixa de mostrar seu lado sujo em alguns momentos. David conquista os pais da moça, apesar de serem rigorosos, e a pede em casamento, fazendo com que Jenny largue a escola e deixe de fazer a prova para Oxford. Fascinada com o novo mundo de glamour que lhe é apresentado, a garota acaba tendo uma surpresa desagradável. A história do filme é muito interessante e as atuações acontecem na medida certa. Destaque para a atuação da jovem Carey Mulligan, que surpreende no papel da confusa e encantadora Jenny.
Baseada na história verídica da jornalista Lynn Barber, a produção é muito boa e merece estar entre os melhores do ano. Preste atenção no rumo que a história toma e veja se não há uma mensagem muito implícita: Nem sempre conseguimos o que queremos, mas, se nos esforçarmos, alcançamos aquilo que podemos.

O Segredo das Joias (1950)


Uma grande maioria de filmes sobre roubo dá grande ênfase ao roubo em si e à sua preparação. Este filme noir da metade do século passado, dirigido por John Huston, é uma das poucas exceções, pois enfatiza os acontecimentos posteriores a ele.
Quando um gênio do crime, chamado de doutor Reidenschneider, sai da prisão após sete anos de confinamento, já tem um plano preparado para roubar joias de uma joalheria, no valor de meio milhão de dólares. Apesar de o roubo ser bem sucedido, um pequeno erro inicial acaba desencadeando uma sequência de acontecimentos que termina por punir todos os envolvidos no roubo. Os defeitos morais de cada comparsa, traições e o acaso são essenciais para que cada um deles morra ou termine atrás das grades em uma espécie de grande efeito dominó. O filme é quase um tratado sobre a justiça e mesmo uma lógica inabalável do acaso. O único que parece notar essa justiça da vida é o doutor, que, em sua última aparição, descobre que só foi preso por ter ficado um tempo a mais em um bar apreciando a beleza de uma jovem.
O filme é extremamente recomendável por se destacar de outras produções do gênero, além de ser uma das primeiras aparições de Marilyn Monroe em um papel de maior destaque, como a estúpida amante do financiador do crime

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Oscar 2010: Melhor Filme

Indicados:
  • Guerra ao Terror (The Hurt Locker)
  • Avatar
  • Amor sem Escalas (Up in the Air)
  • Distrito 9 (District 9)
  • Preciosa (Precious: Based on the novel "Push" by Sapphire)
  • Educação (An Education)
  • Up - Altas Aventuras (Up)
  • Bastardos Inglórios (Inglourious Basterds)
  • Um Homem Sério (A Serious Man)
  • Um Sonho Possível (The Blind Side)
Favorito:

Guerra ao Terror, apesar de ser o favorito, não me convenceu tanto assim. Confesso que esperava mais do roteiro, que também achei um pouco limitado. Nem a história nem o final supostamente surpreendente chegaram a me fascinar. Não sou realmente um grande fã de filmes de guerra, mas sei reconhecer quando um deles é bom. Guerra ao Terror é apenas razoável para mim, ficando atrás de muitas outras produções do gênero, mais grandiosas e melhores.





Meu Favorito:
Eu devo admitir que Amor sem Escalas realmente me surpreendeu. Para começar, acredito que esse seja o melhor roteiro do ano. A forma como o filme trata da modernização das demissões, com uma empresa contratada apenas para demitir os empregados, é fantástica. As atuações estão discretas, mas também maravilhosas. Tanto Clooney, no papel do homem solitário que adora seu emprego por não ter que ficar em casa,  quanto Vera Farmiga como sua bondosa e sedutora amante e Anna Kendrick como a novata ansiosa e um tanto desastrada estão praticamente perfeitos em seus papéis. O filme tem passagens memoráveis e conta com depoimentos verdadeiros de pessoas que passaram pela angústia de ser demitidos já em uma idade mais avançada.
Os dois filmes favoritos ao Oscar não me surpreenderam o bastante para que os considerasse os melhores do ano. Avatar, é claro, tem os efeitos especiais mais surpreendentes que eu já vi, mas também tem um roteiro muito simples e, na realidade, não passa de uma diversão de nível mediano. Acredito que o 3-D foi um dos principais responsáveis pela fascinação com essa produção.  Outros dos concorrentes que considero de peso nessa disputa são Preciosa, que é um filme maravilhoso, com interpretações muito comoventes, e Bastardos Inglórios, que também tem grandes chances de levar o prêmio de Melhor Roteiro, além de Melhor Ator Coadjuvante para o excelente Cristoph Waltz. Apesar de minha opinião divergente, acredito que a estatueta ficará mesmo com Guerra ao Terror.

Oscar 2010: Davi x Golias

Segundo o ditado popular, em briga de marido e mulher não se mete a colher. Na mais recente briga do Oscar, no entanto, é justamente a colherada do júri que vai decidir o vencedor do embate. Em uma das premiações mais emocionantes dos últimos tempos, os filmes com mais indicações (9 para cada um) são Guerra ao Terror, dirigido por Kathryn Bigelow e a superprodução Avatar, com direção de James Cameron.
O mais interessante, no entanto, não é apenas o fato de James e Kathryn terem sido casados, mas sim as diferenças que existem entre as produções. Ambos os filmes falam sobre guerra, embora Guerra ao Terror mostre a guerra do Iraque e Avatar uma guerra entre humanos e alienígenas. Enquanto Avatar é o filme mais caro já produzido e traz novas técnicas que podem revolucionar o mercado da animação, Guerra ao Terror é uma produção quase independente e que não obteve uma bilheteria tão considerável, apesar de ser um sucesso de crítica. Com Avatar, James Cameron quebrou seu próprio recorde de bilheteria, que era de Titanic. Já Kathryn nunca dirigiu filmes tão expressivos e essa é sua primeira indicação ao prêmio.
Mesmo assim, Guerra ao Terror tem se mostrado o favorito ao prêmio de Melhor Filme. O filme venceu o prêmio do Sindicato dos Roteiristas, dos Diretores e dos Produtores, além de ser considerado pela maioria dos críticos como o melhor filme do ano. Avatar passou a sua frente apenas na premiação do Globo de Ouro, que ultimamente não tem sido um termômetro tão bom para o Oscar. Nos últimos anos, os jurados têm optado por filmes mais independentes e deixado de lado as grandes produções. Resta saber quem vai levar a mais cobiçada estatueta do cinema nessa verdadeira luta de Davi e Golias.